Estudo publicado na revista científica JAMA aponta que a pandemia levou a um declínio de 75% nos encaminhamentos por suspeita de câncer nos primeiros meses de pandemia. Outro trabalho, no JCO, relata queda de 89,2% nos exames de investigação de tumor na mama e de 84,5% no rastreamento de câncer colorretal.
Houve um declínio significativo, nos últimos meses, no percentual de pacientes que recebem o diagnóstico dos tipos mais comuns de câncer. A Holanda observou uma queda de até 40% na incidência semanal de câncer e o Reino Unido teve redução de 75% nos encaminhamentos por suspeita de câncer desde o início da pandemia de covid-19. Os dados são de estudo publicado na revista científica Journal of The American Medical Association (JAMA), em agosto1.
Estes dados foram obtidos a partir dos registros de janeiro a abril de 2019 comparados com os mesmos meses de 2020 pela Quest Diagnostics, líder mundial em medicina diagnóstica. Foram identificadas quedas significativas nas neoplasias malignas, benignas, in situ e de comportamento não especificado. Durante a pandemia, o número semanal de diagnósticos caiu 46,4% (de 4310 para 2310) para os seis cânceres mais comuns combinados, variando de 24,7% para o câncer pancreático e 51,8 % para câncer de mama.
Outro estudo, assinado por pesquisadores do Sidney Kimmel Cancer Center, da Filadélfia, nos Estados Unidos e do National Health Service (NHS), do Reino Unido, mostra redução de 89,2% no rastreamento de câncer de mama e de 85,5% dos exames de investigação de câncer colorretal, como colonoscopia. Os dados foram obtidos a partir dos registros de 278 mil pacientes, dentre eles mais de 20 mil do período de covid-19. A pesquisa foi publicada no JCO Clinical Cancer Informatics, revista científica da American Society of Clinical Oncology (ASCO)2.
No Brasil, levantamento da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) aponta que ao menos 70 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer nos quatro primeiros meses de pandemia. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) aponta que houve redução de 70% no número de cirurgias de câncer no mesmo período.
Segundo os especialistas, o isolamento imposto pela pandemia de Covid-19 prejudicou a notificação dos casos de câncer de mama. Médica da ONG Oncoguia, Luciana Holtz relatou queda de 50% no número de mamografias de rastreamento entre 2019 e 2020; e 39% de diminuição na quantidade de biópsias. Para os convidados do debate, o tempo é o maior inimigo do tratamento.
Fonte: Agência Câmara de Notícias