Alguns pacientes não são elegíveis à cisplatina devido a fatores como função renal reduzida. O nivolumabe adjuvante, por sua vez, pode representar uma opção de tratamento para esses indivíduos, a fim de reduzir o risco de recorrência ou morte
Durante o 2021 Genitourinary Cancers Symposium, foi apresentado o CheckMate 274 (NCT02632409), um estudo de fase III, randomizado, duplo-cego e multicêntrico, que avaliou o uso de nivolumabe adjuvante, em pacientes submetidos à cirurgia radical para carcinoma urotelial músculo-invasivo de alto risco de bexiga, ureter ou pelve renal.
O estudo envolveu 709 pacientes com carcinoma urotelial músculo-invasivo, que foram submetidos à cirurgia radical com ou sem quimioterapia neoadjuvante à base de cisplatina. Havia alto risco de recorrência, com base no estadio do tumor. Os pacientes foram aleatoriamente designados na proporção 1:1 para receber nivolumabe 240 mg, a cada duas semanas, ou placebo, por até um ano de tratamento adjuvante.
Os desfechos primários envolveram a sobrevida livre de doença (SLD) em todos os participantes randomizados (população por intenção de tratar – ITT) e naqueles com expressão tumoral de PD-L1 ≥ 1%. A SLD foi estratificada por status nodal, cisplatina neoadjuvante prévia e expressão de PD-L1. O desfecho secundário incluiu a sobrevida livre de recorrência fora do trato urotelial, em pacientes ITT e em indivíduos PD-L ≥ 1%. A segurança, por sua vez, foi um desfecho exploratório.
Resultados:
A mediana da SLD foi significativamente maior para os pacientes que receberam tratamento pós-operatório com nivolumabe, em comparação com os do grupo placebo (21 versus 10,9 meses; HR 0,70; IC 98,31%: 0,54–0,89; P = 0,0006), assim como demonstrou superioridade na população PD-L1-positivo (mediana não alcançada versus 10,8 meses; HR 0,53; IC 98,87%: 0,34–0,84; P = 0,0004).
A SLD e sobrevida livre de recorrência fora do trato urotelial foram melhores com nivolumabe versus placebo, tanto no grupo de pacientes ITT (24,6 versus 13,7 meses; HR 0,72; IC 95%: 0,58-0,89) quanto na população PD-L1-positivo (mediana não alcançada versus 10,9 meses; HR 0,54; IC 95%: 0,38-0,77). O aumento da SLD com nivolumabe foi geralmente consistente em todos os subgrupos.
Eventos adversos graves relacionados ao tratamento (grau 3-4) foram mais observados entre os pacientes que receberam nivolumabe (17,9%) do que no grupo placebo (7,2%). Os eventos mais comuns de grau 3 ou superior foram diarreia, colite e pneumonite em pacientes no braço da imunoterapia; e colite, diarreia, aumento da gama-glutamil transferase e hepatite em pacientes no braço do placebo.
Portanto, nivolumabe demonstrou uma melhora estatística e clinicamente significativa em SLD versus placebo, nos pacientes com carcinoma urotelial músculo-invasivo de alto risco, após cirurgia radical, tanto na população ITT quanto na PD-L1 ≥ 1%. Os eventos adversos foram gerenciáveis e consistentes com relatórios anteriores. Os autores concluem que esses resultados suportam o uso de nivolumabe adjuvante como um potencial novo padrão de tratamento para essa população avaliada.
Referências: