As eficácias de pembrolizumabe e nivolumabe nunca foram comparadas diretamente em um estudo do mundo real em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células recorrente ou avançado
O uso de pembrolizumabe resultou em maior taxa de resposta objetiva (TRO) e semelhante sobrevida livre de progressão (SLP) em comparação ao nivolumabe entre pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células avançado ou recidivado (CPNPC), de acordo com uma análise retrospectiva publicada na Scientific Reports.
Segundo os autores, as eficácias de pembrolizumabe e nivolumabe nunca foram comparadas diretamente em um estudo do mundo real, justificando a elaboração dessa análise retrospectiva.
Foram incluídos 225 pacientes com CPNPC avançado ou recidivado tratados com pembrolizumabe ou nivolumabe no Cancer Center of the Chinese People’s Liberation Army entre 2015 e 2019. A idade média da coorte era de 61 anos e 75% eram homens. A maioria das doenças era de histologia não escamosa (163 pacientes) e o restante (92 indivíduos) apresentava carcinoma espinocelular. O pembrolizumabe foi o tratamento mais provável a ser utilizado na primeira linha em monoterapia ou como terapia combinada. Outras características de baseline foram semelhantes entre os grupos.
A TRO foi maior com pembrolizumabe em 43% versus 23% com nivolumabe (p = 0,001) e permaneceu maior em análises de subgrupos, incluindo tratamento em monoterapia de primeira linha e terapia combinada também em primeira linha.
Não houve diferença estatisticamente significativa para SLP entre os grupos, com uma mediana de 23 semanas para pembrolizumabe versus 21 semanas para nivolumabe (p = 0,4031). Resultados semelhantes foram observados na análise multivariada (p = 0,598). Também não houve diferença na SLP entre os grupos em vários subgrupos, incluindo tratamento em monoterapia na primeira linha e terapia combinada também em primeira linha. O nivolumabe prolongou significativamente a SLP quando administrado em combinação com uma terapia de segunda linha ou linhas subsequentes (p = 0,04). Na análise multivariada, no entanto, não houve nenhuma diferença em SLP entre os subgrupos.
O estudo, no entanto, apresenta várias limitações. Primeiramente, trata-se de uma análise retrospectiva de um único centro de pacientes com CPNPC, portanto, esses resultados justificam mais estudos com coortes maiores e prospectivas. Em segundo lugar, o tempo de acompanhamento não foi longo o suficiente para avaliar de maneira aprofundada os resultados de sobrevida em longo prazo. Terceiro, embora aprovados pelo FDA, os kits de teste usados para avaliar a expressão de PD-L1 foram diferentes para pembrolizumabe (Dako 22C3) e para nivolumabe (Dako 28-8 pharmDx), o que também pode ter afetado os resultados.
Os autores concluíram que, tendo em vista que o pembrolizumabe e o nivolumabe demonstraram benefícios de sobrevida semelhantes em pacientes com CPNPC recorrente ou avançado em vários cenários clínicos, esse estudo pode apoiar a atual prática clínica de escolha de qualquer um dos medicamentos com base nas preferências do paciente e do oncologista.
Saiba mais:
Cui P, LI R, Huang Z, et al. Comparative effectiveness of pembrolizumab vs. nivolumab in patients with recurrent or advanced NSCLC. Sci Rep. 2020; 10:13160. doi:10.1038/s41598-020-70207-7.