A situação do Coronavírus (COVID19) tem causado grande preocupação em toda a população, principalmente após a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretar pandemia mundial. Nesse cenário, o médico hematologista se depara com questões muito importantes, todas visando a segurança do paciente hematológico: deve-se iniciar, adiar ou mudar o tratamento, em especial com quimioterapia? Devem-se manter visitas regulares, internações e protocolos quimioterápicos? Qual a melhor forma de proteger os pacientes do risco de adquirir infecção por COVID19 sem prejudicar o tratamento?
O médico hematologista Dr. Marcos Laércio, staff do Centro Avançado de Oncohematologia e Transplantes da Oncológica do Brasil, considera que por ser uma doença recente com acontecimentos e conhecimentos que mudam quase diariamente, não se tem ainda certeza de toda a repercussão possível de infecção por COVID19 nas doenças hematológicas, fazendo assim com que não existam ainda respostas definitivamente corretas e absolutas.
Entretanto, já há sérias recomendações das principais sociedades de hematologia no Mundo (americana, europeia e brasileira), as quais variam bastante de acordo com cada patologia; em resumo, tem-se as seguintes recomendações:
- Reduzir a ida a consulta médica, aumentando o intervalo de tempo de monitorização com exames e/ou se utilizando da telemedicina, metodologia de atendimento já autorizada no Brasil pelo contexto da pandemia;
- Considerando que existem patologias hematológicas, tanto benignas quanto malignas, que tem curso menos agressivo e mais lento, pode-se optar por adiar um determinado tratamento; tal medida deve ser sempre extremamente discutida entre o hematologista e o paciente, pesando-se risco X benefício de tal opção;
- Pode–se ainda optar por protocolos quimioterápicos mais leves e regimes menos intensivos de acordo com patologia, caso não seja possível postergar tratamento;
- Alguns protocolos de quimioterapia, em especial para leucemias, podem ter suas doses reduzidas (em especial corticoterapia); deve-se ainda visar sempre o menor tempo de internação hospitalar possível; sempre que possível, fazer opção por tratamentos orais.
- As quimioterapias podem utilizar com maior frequência um medicamento chamado fator estimulador de colônia de granulocitos (GCSF), com a finalidade de combater a queda de defesa (leucócitos) típica de alguns protocolos de tratamento;
- Evitar ao máximo transfusões de hemocomponentes (Sangue, plaquetas, plasma, etc), pois se sabe que neste período o número de doações diminui, com menor disponibilidades destes produtos.
Estes são somente alguns exemplos de pontos que serão sempre considerados e discutidos com seu hematologista durante seu atendimento, adaptando assim o tratamento específico hematológico para a realidade atual de pandemia. Tal decisão deve ser de comum acordo entre o médico e o paciente, utilizando-se de bom senso e de conhecimento científico disponível.
Qualquer dúvida, não hesite em procurar seu médico hematologista!